domingo, 7 de outubro de 2012

Garotas de Vidro ~ Laurie Halse Anderson

Editora: Novo Conceito
Páginas: 272
Classificação:

Lia e Cassie são amigas há anos, ambas congeladas em seus corpos. No entanto, em uma manhã, Lia acorda com a notícia de que Cassie está morta, e as circunstâncias de sua morte ainda são um mistério. Não bastasse isso, Cassie tentara falar com Lia momentos antes, para pedir ajuda. Lia tem de lidar com o pai, que é um renomado escritor, sua madrasta e a mãe, uma cardiologista que vive ocupada, salvando a vida dos outros. Contudo, seu maior tormento é a voz dentro de si mesma, que não a deixa se esquecer de manter o controle, continuar forte e perder mais, sempre perder mais, e pesar menos. Bem menos.
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Um soco no estômago.
É esse o sentimento que tive durante toda a leitura de Garotas de Vidro da Laurie H. Anderson. Por esse motivo, também, demorei tanto para terminá-lo. Eu senti a dor, a agonia, a aflição de Lia, uma garota que seria uma heroína doce e engraçada, se não estivesse tão doente.

Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer. Não. Devo. Comer.
- pág. 180 à 182

Vi em algumas resenhas (por que saio lendo várias quando termino um livro) que a personagem dividiu as opiniões em dois grupos (generalizando, é claro). O primeiro grupo, formado por pessoas que não gostaram dela... se incomodaram com Lia de uma maneira bem pessoal. Já o segundo grupo, conta com aqueles que sentiram muita, muita, muita pensa dela. 
Não estou com nenhum dos dois.
Lia está atravessando uma tormenta pesada, em sentido físico e mental. Ela é digna de pena sim, por que a doença (não gosto do nome dela) tem cegado sua mente e transformado a garota em uma calculadora de calorias autodestrutiva. No mais amplo sentido da autodestruição. Ela não come. Não conversa. Não vive. Não estuda. Não se ama. E se corta, fere, machuca, destrói.
O maior inimigo de Lia não é o espelho e nem a balança. É ela mesma.

"O lixo e os erros de ontem já passaram por mim. Sou brilhante e cor-de-rosa por dentro, limpa. O Vazio é bom. O vazio é forte."
- pág. 11
Mas, afinal - você talvez esteja se perguntando - de que lado você está? 
Bem, no começo da resenha eu disse que Lia seria doce e engraçada, se não estivesse tão doente e é verdade. Os momentos de interação da Lia com sua irmanzinha Emma, provam como ela se importa em vê-la bem e longe da sua saga autodestrutiva. A faceta bem humorada e irônica de Lia se revela em seus diálogos com Elijah (de quem não sei o que pensar)... ela seria uma garota legal, se não estivesse tão, tão, tão doente.
E essa é a parte mais triste.
Fiquei sem ar em muitos momentos do livro, quando você vê como Lia está fora de controle. Ela é um trem desgovernado, tão perdida em sua própria escuridão... Em outros momentos ficava com esperança de que ela estava realmente se ajudando, mas no nível em que se encontrava na doença, Lia nunca sairia da escuridão sem ajuda. E seus pais... tão desesperados para que tudo ficasse bem que preferem encarar a situação de maneira conflitiva, seu pai não sabe o que fazer, então finge que nada está acontecendo. E sua mãe quer salvá-la à força.
Mas, somente Lia pode se ajudar.

"Não existe cura mágica, nem como fazer tudo desaparece para sempre"
- pág. 269
Muitas meninas tornam-se tão obcecadas por um ideal estúpido e inalcançável ditado pela mídia e outros meios, deixando de lado que cada pessoa é diferente por dentro e por fora e que o mundo seria uma grande porcaria se todas as pessoas fossem iguais. Não sendo hipócrita, acho legal quem tem disciplina e equilíbrio na hora de fazer uma dieta e cuidar da aparência, afinal você tem que estar bem com você mesma. Mas, a questão foge do controle quando você se compara à outros e as modelos extremamente, ou aquela sua colega de constituição fisicamente menor, ou à Débora Secco. 
Você pode não ser a modelo, a garota e nem a Débora e ser linda e feliz, do jeito que você é.
Laurie nos leva à um lugar obscuro, infeliz e desesperado; para nos lembrar o quão perigoso é deixar de acreditar em mesmo e em seu potencial de ser feliz com o que tem. De deixar os outros dizerem como você deve ser.
Congelar.
Há ainda a história das alucinações de Lia com Cassie, mas como não gostei nem um pouco da personagem, não vou falar sobre ela :)
Recomendo esse livro sim, mas aviso que não é fácil terminá-lo. 
Nem um pouco.
Você vai chorar.
Muito.
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UPDATE MUSICAL
Olhem que linda a música escolhida para o livro. Dêem uma olhadinha na letra.
Young blood - Birdy

Um comentário:

  1. Ai, estou doida pra ler esse livro! Comprei ele na Bienal, sabendo mais ou menos do que se tratava, mas tinha achado a capa linda e o preço estava bom também, rs.
    Já li 2 livros sobre essa doença e sei que o assunto é pesado e extremamente triste. Espero não ficar tão chocada assim ao lê-lo...
    beijos!!

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Esse post foi tão... ah! Não sei, diga você! :)